Seguidores

terça-feira, 5 de março de 2013

Vale a pena ler de novo...

PRT Serifo Nhamajo


DISCURSO PRT NO CUMPRIMENTO DO NOVO ANO AOS DIPLOMATAS E MEMBROS DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS NA GUINÉ-BISSAU

Excelência Senhor Decano do Corpo Diplomático, Embaixador Abdoulaye Dieng
Excelências Senhores Embaixadores,
Senhoras e Senhores Representantes das Organizações Internacionais,                             
Senhoras e Senhores Membros do Corpo Consular
Minhas Senhoras e Meus Senhores.

É com subida honra que agradeço e retribuo os votos que me foram formulados, à minha família e ao povo da Guiné-Bissau.
A praxe nos permite, nesta época do início do ano, o ritual de proceder a este cerimonial que nos proporciona o reencontro para assim comemorarmos o advento do Ano Novo, num ambiente entre parceiros e amigos, apesar do seu carácter solene.

Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
A Transição que vivemos hoje, teve origem no dia 9 de Janeiro de 2012 quando a nação guineense soube com dor e consternação, através de um comunicado das autoridades de então, do falecimento do nosso querido Presidente, Malam Bacai Sanhá. Como é do vosso conhecimento, por imperativo Constitucional tive que assumir a condução deste período de Transição em consequência dos acontecimentos de 12 de Abril de 2012.

Para nós, é indiscutível, que este regime de transição não é um regime militar nem na sua forma, nem no seu conteúdo; que a agenda que as autoridades de Transição procuram executar é uma agenda emergente do acordo político entre os partidos signatários do Pacto e sufragado pelo parlamento guineense, num quadro de diálogo construtivo na base de inclusão de todas as forças sociais e políticas do País.

De lembrar que no início deste processo houve intransigência de uma ala do PAIGC que inviabilizou o funcionamento pleno do Parlamento. Hoje graças a Deus, o funcionamento normal do Parlamento baseado num diálogo e bom senso, começamos a ter os frutos dessa nossa política inclusiva, fazendo participar, implicando todos os actores nacionais, desse esforço, pelo que temos a registar a retoma dos trabalhos da ANP no passado dia 15 de Novembro de 2012.

Na mesma linha, testemunhamos a aprovação  unanimente pela ANP da lei de Revisão Constitucional que prorrogou o mandato desta legislatura e a Resolução nº 2/2012, que adopta o Pacto de Transição e o Acordo Politico, criando em consequência a Comissão Parlamentar para a sua revisão com o propósito de se conseguir um Pacto Nacional de Regime.

É de realçar as consultas realizadas pelo Governo com entidades que poderão prestar apoio na realização do recenseamento biométrico, nos termos do Acordo Politico de Transição;

Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
A este propósito e apesar de tudo, importa sublinhar a nossa preocupação com os possíveis atrasos no cumprimento do período de transição, por indefinição de alguns intervenientes no processo, sem embargo de podermos registar que ultimamente alguns passos positivos foram dados.

Neste particular já foi agendada na Assembleia Nacional Popular a discussão para a revisão da lei eleitoral;
Foram criados mecanismos periódicos de seguimento;
Foi estabelecido o cronograma consensual de actividades a ser levado a cabo no decorrer de todo o processo, o que permite avaliar os avanços obtidos;
Foram concluídos os trabalhos de cartografia eleitoral, através de esforço financeiro interno;

Numa linha diferente, com o mesmo propósito, é de reconhecer o esforço despendido pelas Autoridades de Transição em manter a paz social, apenas com os recursos internos e poucos apoios externos. Todas essas realizações têm como desiderato o regresso à normalidade Constitucional, daí ser preciso, senão mesmo imperioso, que as autoridades nacionais sejam reconhecidas e apoiadas nos seus esforços.

Nesta base, já foi concluído o processo de inquérito relativo ao assassinato do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, General Batista Tagme Na Uaie e à espera de julgamento que deverá acontecer este ano.
De igual modo é de registar que está em curso e na fase final os inquéritos relacionados com os assassinatos políticos ocorridos no País e consequente a responsabilização criminal dos seus autores; inclusive o recente caso de 21 de Outubro de 2012.

Temos a lamentar profundamente os casos de violação dos direitos humanos, que são característicos no momento de grandes indefinições, na certeza de que as investigações que estão em curso serão concluídas e os responsáveis apresentados a justiça.

Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
O nosso Pais precisa de apaziguamento, de uma verdadeira reconciliação, de se reencontrar consigo próprio, contando para o efeito com a imprescindível contribuição da Comunidade Internacional.

A comunidade internacional que, na sua diversidade, representa e, ilustra as remotas relações de cooperação e de solidariedade que os vossos Países e Organismos têm desenvolvido e consolidado com o nosso Povo e Instituições da República ao longo destes trinta e nove anos de existência do País.

As Autoridades Políticas que presidem aos destinos da Guiné-Bissau neste Período de Transição rumo à completa normalização da ordem constitucional, desejam manter e reforçar esses laços de cooperação e assistência multiforme da comunidade internacional, sobretudo o apoio à fiscalização da nossa Zona Económica Exclusiva a fim de evitar os actos de pirataria dos nossos recursos haliéuticos bem como fazer face a criminalidade internacional que utilizam os nossos mares como plataforma de trânsito dos diversos tráficos, nomeadamente da malfadada droga.

O Ano de 2012 finda com certos registos positivos, nomeadamente:
  • A Assinatura do Memorando de Entendimento entre a Comissão da CEDEAO e o Governo da Guine Bissau, que, com a sua implementação abrirão novas perspectivas assinalando uma nova era para o sector da Defesa e Segurança, o que permitirá ao Estado a libertação de meios necessários para as demais reformas, igualmente importantes, nos sectores da Justiça e da Administração Publica, entre outros.
  • A vinda da Missão da Avaliação Conjunta das Nações Unidas, da União Africana, da CEDEAO, da CPLP e da União Europeia para, pela primeira vez e desde os acontecimentos de 12 de Abril de 2012, avaliar a situação política e de segurança.
  • A retoma da cooperação com o Banco Mundial para com o nosso Pais, não obstante o facto da Guiné-Bissau continuar a ser, de forma sistemática, vitima da incompreensão de alguns sectores da comunidade internacional que mantém o País numa situação que se traduz na dificuldade de disponibilização de fundos destinados a cobrir o défice do Orçamento Geral do Estado e que pode por em causa os enormes esforços que vêm sendo consentidos para a normalização do País.
  • A avaliação feita pelo Embaixador dos Estados Unidos da América aquando da sua visita de trabalho em Dezembro último.
  • A visita da Ministra de Defesa da República Federal da Nigéria reafirmando a disponibilidade do seu País em continuar a apoiar a Guiné-Bissau no processo de Transição e a participar na formação de militares no quadro da Missão da Ecomib.
Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
O Presidente da República de Transição agradece em nome do povo guineense a todos os países amigos e organizações internacionais solidárias que decidiram juntar-se a nós nesse grande esforço para viabilizar uma Transição Política pacífica, ordeira, sem rupturas institucionais e sociais que a possam colocar em perigo.
Aos países e instituições internacionais que suspenderam os seus programas de cooperação com a Guiné-Bissau deixo aqui o meu apelo para que o retomem em nome da solidariedade e amizade entre os povos.

Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Apesar de nos encontrarmos num período de transição difícil, preocupa-nos a ameaça a Paz em todos os Continentes, e sobretudo na nossa sub-região. Ela é ameaçada por crises político-militares, as enfermidades e catástrofes naturais e pela violação dos direitos humanos, pelo que apelamos a comunidade internacional a redobrar de esforços e conjugação de sinergias com vista a resolução rápida e justa desses conflitos.

Neste âmbito saudamos particularmente a resolução das Nações Unidas que autoriza o envio de uma força internacional a vizinha república do Mali conforme solicitado pela nossa organização sub-regional, a CEDEAO.
Igualmente saudamos os esforços da União Africana na resolução do conflito recente na República Centro Africana. Mas antes de terminar, permitam-me voltar um pouco sobre a Guiné-Bissau;

Quero convidar a todos os presentes, a Comunidade Internacional, aos brilhantes quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sejam os mensageiros da PAZ,  e RECONCILIAÇÃO, para que este país possa se reencontrar. Quero lançar esse desafio de reflexão, para que juntos possamos entender, porque é que a Guiné-Bissau até hoje, desde 1995 não conseguiu chegar ao fim, à um mandato. Porque é que existem sucessivos sobressaltos? Porque é que houve tantos assassinatos? Porque é que há tanta corrupção? Porque é que vivemos constantemente em fases transitórias? Porque nós esquecemos de 1998 e 2009, momentos mais bárbaros de assassinatos e eliminação física dos nossos concidadãos e quedamos com o 12 de Abril? Porque é que se preocupa mais com o 12 d Abril, esquecendo todo o resto de caudal das mortes, da injustiça e de muitos outros crimes por esclarecer?

PRT Serifo Nhamajo

Convido à todos, vamos todos juntos reflectir e desafiar a cada um, perguntar a si próprio, 

O QUE É QUE EU FIZ PARA QUE O MEU PAÍS NÃO CHEGA-SE A ESTE NÍVEL? 

O QUE É EU FIZ PARA QUE O PAÍS NÃO CHEGA-SE A ESTE NÍVEL DE DEGRADAÇÃO?     

Vamos deixar de hipocrisias, vamos enfrentar a realidade. Porque é a Guiné-Bissau hoje está no fundo(?) espero que cada um de nós possa fazer uma análise profunda, para que não se preocupe com o rosto do Serifo mas, que veja a Guiné-Bissau em primeiro plano. Vamos aproveitar essa desgraça, para fazer dela, uma oportunidade de resolver os muitos problemas da Guiné-Bissau, para que este país se enverede definitivamente na senda do desenvolvimento, da compreensão, da solidariedade, mas acima de tudo, numa relação sincera, franca para que possamos todos juntos, trilhar os caminhos de desenvolvimento. Seja quem for e que estiver à frente, façamos dele apenas, o portador daquela mensagem unânime e congregadora da família guineense, para atingirmos o objectivo comum.

Para terminar a minha intervenção, gostaria de agradecer a todos os Países amigos e algumas organizações internacionais, regionais e sub-regionais, que a despeito das adversidades, não deixaram de nos prestar o seu apoio multiforme. Penso nas Nações Unidas, na CEDEAO, no Banco Oeste Africano de Desenvolvimento (BOAD), na UEMOA e no Banco Mundial, no relance do desenvolvimento sócio-económico do nosso País.
Reitero à Vossas Excelências e distintas famílias os votos de Paz, prosperidade, solidariedade, progresso e a plena realização de todos os vossos desejos.

Feliz Ano Novo a todos!
E Muito Obrigado

Nenhum comentário:

Postar um comentário