Antonio Patriota e Luiz Alberto Figueiredo
O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) deixou
o governo após reunião com a presidente Dilma Rousseff na noite desta
segunda-feira (26). O Palácio do Planalto anunciou como novo ministro Luiz Alberto Figueiredo atual
embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Patriota passará a
ser o novo representante do Brasil nas Nações Unidas.
O motivo da demissão foi o episódio do senador boliviano
Roger Pinto Molina, que estava asilado havia um ano na embaixada
brasileira em La Paz e foi trazido para o Brasil em um carro
oficial brasileiro, embora não tivesse autorização do governo boliviano para
deixar o país.
Figueiredo estava em Nova York quando recebeu o
telefonema da presidente Dilma Rousseff com o convite para
assumir o comando do Ministério de Relações Exteriores. De acordo com o Itamaraty,
ele embarcou para o Brasil e deve chegar a Brasília na manhã desta terça-feira
(27). A posse deverá ocorrer nesta quarta (28), mas a data ainda não foi
oficialmente confirmada.
Nota divulgada pelo Planalto diz que Dilma "aceitou
hoje pedido de demissão do ministro Antonio de Aguiar Patriota e indicou o
representante do Brasil junto às Nações Unidas, embaixador Luiz Figueiredo,
para ser o novo ministro de Relações Exteriores”.
Na nota, Dilma “agradece” o trabalho de Patriota à frente
do Ministério de Relações Exteriores e informa que ele será o novo
representante do Brasil nas Nações Unidas. “A presidenta agradeceu a dedicação
e empenho do ministro Patriota nos mais de dois anos que permaneceu no cargo e
anunciou a sua indicação para a missão do Brasil na ONU", diz o texto.
O encontro de Dilma com Patriota começou pouco antes das
19h e durou cerca de 50 minutos. Depois do encontro, a presidente e o ministro
deixaram o palácio.
A cúpula do ministério passou o dia em reuniões para
tratar da situação do senador e do diplomata Eduardo Saboia, encarregado de
negócios da embaixada brasileira em La Paz, que admitiu ter organizado a operação que
trouxe Molina para o Brasil em um carro oficial. "Tomei a decisão de
conduzir essa operação, pois havia o risco iminente à vida e à dignidade do
senador", disse.
O senador viajou 22 horas de La Paz a Corumbá (MS), onde
na madrugada de domingo, pegou um jatinho junto com o senador brasileiro
Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do
Senado, e desembarcou em Brasília. Na manhã de domingo, o Itamaraty anunciou inquérito para
apurar o caso.
Em junho deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU), a
Procuradoria Geral da República (PGR) e o Itamaraty já tinham se posicionado contra ajuda ao senador
boliviano Roger Pinto, que queria deixar a Bolívia rumo ao Brasil.
O Ministério Público da Bolívia planeja pedir a extradição de Molina,
condenado a um ano de prisão no país por suposto crime de corrupção. Ele
responde a outros 20 processos na Justiça boliviana (saiba como tramitará eventual pedido de
extradição).
O fato de o governo brasileiro ter sido surpreendido pela
chegada do senador contrariou a presidente Dilma Rousseff. A presidente e
Patriota só teriam sido informados da fuga quando o boliviano alcançou
território brasileiro.
De acordo com o blog Panorama Político, de Ilimar Franco,
em "O Globo", há sete meses os ministérios da Justiça e das Relações
Exteriores do Brasil negociavam o caso do senador com o governo da Bolívia.
Segundo o blog, a sugestão para que Molina deixasse o país teria sido feita
informalmente por membros do governo boliviano.
Luiz Alberto Figueiredo
O novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo Machado, 58 anos, nasceu no Rio de Janeiro e é formado em direito
pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Ele ingressou no Itamaraty em 1980 e, no mesmo ano,
iniciou atuação nas Nações Unidas como diplomata assistente. Durante a carreira
diplomática, representou o Brasil em várias reuniões internacionais sobre
mudança climática.
Figueiredo chefiou as negociações do Rio +20, a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em
junho do ano passado, no Rio de Janeiro. A conferência produziu um documento
assinado pelos 188 países que participaram do evento.
O resultado das negociações, apesar de não ter sido
ousado na busca pelo desenvolvimento sustentável, foi considerado bem sucedido
pelo governo brasileiro, já que houve a adesão de todas as nações
participantes.
Antonio Patriota
Nomeado por Dilma Rousseff no início do mandato, Antonio Patriota
era secretário-geral das Relações Exteriores, segundo cargo mais importante na
diplomacia, antes de assumir o comando da pasta. Antes, já tinha sido
embaixador do Brasil em Washington entre 2007 e 2009.
Natural do Rio de Janeiro, Patriota tem 59 anos e
ingressou no Itamaraty em 1979. É casado com a americana Tania Cooper Patriota,
funcionária da ONU, e tem dois filhos.
Além de cargos de assessoramento do comando do
ministério, em Brasília, Patriota também representou o Brasil em organismos
internacionais.
De 1999 a 2003, autou em Genebra (Suíça), como
representante na Organização Mundial do Comércio. Antes, atuou na Missão
Permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Nova York entre 1994 e 1999.
De 1992 a 1994, foi Subchefe da Assessoria Diplomática do
Presidente Itamar Franco. Antes disso, trabalhou nas embaixadas do Brasil
em Caracas (1988-1990) e em Pequim (1987-1988).
Fonte: Agências
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